quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Enquanto posso.

Estou há três meses de encerrar o meu contrato do estágio na redação do jornal. Confesso: cheguei aqui mais otimista, porém mais burra. Não que uma coisa contrarie a outra. Nesses oito meses, conheci muita gente, de jeitos distintos para ver a realidade, com maneiras diferentes de levar a profissão. Porém, avalio que ainda não aprendi o suficiente, mas sei muito mais do fazer jornalístico do que imaginava. Oito meses de prática superaram os dois anos de teoria. É que, no jornalismo, sua avaliação é feita por personagens, fontes, editores, secretários de redação e, principalmente, por leitores.

No dia em que soube da aprovação para a vaga dei pulos de alegria. Não podia me conter. Em meus primeiros passos, ao trancos e barrancos houve muita imprecisão, faltava firmeza, mas estava movida pela vontade de crescer. E, um imenso movimento se deu desde fevereiro até aqui, outubro. Foi uma educadora que entrevistei, Mary Arapiraca, quem me moveu a pensar em processos como movimentos. Por isso chamo toda essa etapa de um mover. Cheguei aqui com duas lições importantes que daria a qualquer pessoas que botasse os pés numa redação pela primeira vez hoje: primeiro, as aspas podem salvar um jornalista e, segundo, ainda que fonte esteja maltratanto criancinhas, ou sendo relapsa nos cuidados, ela terá a cara de pau de procurar seu chefe para se defender por medo de uma matéria, que vai denunciar todo descompromisso dela com a profissão que escolheu.

Lições de uma foca


Quando se chega a uma redação de um jornal de grande circulação - digo, grande em tese, pequena a considerar o potencial número de leitores - vários mitos são desconstruídos. Você poderá se perguntar: cadê os velhos jornalistas? O cheiro de cigarro? As mulheres que abdicaram de serem mães e esposas?. Numa redação tem gente que conta piada boba, tem jornalista que tem que levar o filho ao médico. Tem gente de vinte poucos anos na edição.

No jornalismo há espaço para a diversidade e se não for assim, não é bom jornalismo. Não há espaço para obscuridade, nem mentiras, nem para imprecisões. O jornalismo é lugar em que a realidade recebe - ao menos eu penso assim - recorte exato, preciso, claro, direto, dinâmico, com comprovação. O jornalista precisa ser confiável e confiante. Precisa despertar para isso. Estou só no começo, há muito caminho para andar, há muita estrada a seguir, há muitas lições a serem compreendidas e há muita vida a ser vivida, lida e divulgada.

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